De que maneira as águas das nossas comunidades guardam as memórias das nossas gentes? A história dos povos se relaciona com o trajecto das águas. Mares, rios, oceanos e memórias são um ponto de reencontro com a essência de cada comunidade e de cada um de nós. Em Margens e travessias descobrimos que a fluidez dos rios pode expandir e também reservar. São margens fixas e contínuas travessias? Nas bordas deste romance inscrevi parte do que fui escrevendo em pagelas. A história da minha amargura é longa; não posso contá-la toda, nem convém, para além de que não tenho já vida para guardar tantas memórias. Pronto, fica assim. Que um dia se escreva a história das mães sofredoras como eu fui. De qualquer modo, meu filho, a ti que és escritor, confio estes papéis. Publica-os no momento oportuno; talvez seja melhor esperares que um dia acabe este caduco regime de ditadura democrática revolucionária…; faz tento nisso, Boaventura. De qualquer modo, levo comigo a dor das mães sofredoras, embora a dor delas seja maior; Fátima trouxe-me de volta o meu filho. Elas não tiveram essa sorte; elas choram até hoje a morte prematura de seus filhos. Levo comigo a dor delas - escreve isso, meu filho, na minha lápide onde repousar para sempre. Agora, para não atrapalhar a vossa leitura, caro leitor, migro e transvoo para outras margens.» (Mensagem de Rita Cardoso, mãe do autor)
Categoria | Publicadora | Nº Páginas | ISBN | Dimensão | Ano de Publicação |
Romance | Mayamba | 370 | 978-156-581-231-4 | 15x23 cm |